sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A verdade sobre meninos e meninas

por  Wendy Toth / Tradução de Mariana Setubal, filha de Paulo e Cidinha
CADA UM TEM SUAS CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS. GRANDE PARTE DESSA DIFERENÇA É DETERMINADA CULTURALMENTE, A GENTE SABE, CLARO, MAS OS GENES TAMBÉM TÊM SEU PAPEL EM DEFINIR ALGUMAS CARACTERÍSTICAS QUE FAZEM DO SEU BEBÊ UM SER DE MARTE OU DE VÊNUS


Pesquisas mostram que os pais tratam as meninas recém-nascidas por diminutivos, e os meninos, por aumentativos. Conforme eles vão crescendo, os pais (principalmente o pai) estimulam as crianças a “escolher” brinquedos apropriados. “Não, filho, o bacana é a fantasia de Homem-Aranha, não de Ariel...” Com os meninos, as brincadeiras são mais físicas; com as meninas, os pais conversam mais... Tudo isso tem muito mais a ver com a nossa ideia do que meninos e meninas podem ou não fazer do que com diferenças biológicas. Mas, ainda que a gente vestisse os dois bebês da mesma cor e os tratássemos da mesma maneira, eles são diferentes, sim.

Meninos e meninas apresentam diferenças de gênero congênitas, que datam de tempos pré-históricos, segundo o zoólogo Desmond Morris em seu livro Meu Bebê: a Incrível Capacidade de Evoluir Tanto em Tão Pouco Tempo (ed. Larousse). Nessa época, os homens caçavam, e as fêmeas cuidavam da cria, o que teria se refletido no desenvolvimento dos bebês de sexo masculino e feminino. Os caçadores precisavam se manter em silêncio ao perseguir suas presas, ser mais rígidos e menos emocionais. Talvez por isso os bebês meninos chorem menos que as meninas. Por outro lado, as fêmeas, como organizadoras tribais, desenvolveram mais habilidades verbais. Antes mesmo do nascimento, o cérebro masculino e o feminino têm estruturas, organização e operação diferentes, explica Morris.

“Apesar de as diferenças significarem que o sexo masculino e feminino têm processos de pensamento diferentes, não significa que a evolução os obriga a atuarem de forma diferente, apenas que eles chegam a conclusões – talvez, frequentemente, às mesmas conclusões – de formas diferentes.” Nós separamos quais as principais diferenças entre meninos e meninas, divididas entre os campos da saúde, comportamento e desenvolvimento.

Saúde

ENQUANTO AS MENINAS SÃO MAIS AFETADAS POR DOENÇAS COMO DISPLASIA E INFECÇÃO URINÁRIA, OS MENINOS TÊM MAIS CHANCES DE SOFRER COM HÉRNIA, AUTISMO E ASMA. SAIBA MAIS:


> As meninas são mais afetadas por algumas doenças, como a displasia da articulação acetábulo-femural, um problema do “encaixe” do fêmur no quadril – 80% das crianças que têm o problema são do sexo feminino. Essa alteração já pode ser vista pelo ultrassom e diagnosticada pelo pediatra no recém-nascido, por meio de algumas manobras específicas na articulação.

> Meninos têm seis vezes mais chances de nascer com hérnia. Isso acontece porque, quando os testículos de um feto masculino descem do abdômen, o canal pode não se fechar corretamente, deixando uma cavidade na virilha (conhecida como hérnia inguinal), que necessita de cirurgia para ser reparada.

> Ficar nove meses dentro do útero expõe todos os bebês a altos índices de estrogênio da mãe, hormônio que pode permanecer no organismo da criança por várias semanas após o nascimento. Não se assuste se começar a vazar leite do peito de seu neném, seja ele menino ou menina. Acontece com mais frequência com as meninas, mas meninos podem vazar também. Converse com o médico da criança se essa situação se estender por mais de dois meses.

> Autismo afeta quatro vezes mais meninos do que meninas (a razão é de 10 para um para todo o espectro de transtornos autistas). Pesquisa publicada no jornal Molecular Psychiatry descobriu uma relação potencial com um gene que causa um desequilíbrio de cálcio no cérebro.

> Meninas têm mais infecções urinárias, porque seu trato urinário é mais curto. Assim, as bactérias nocivas chegam com mais facilidade à bexiga. Para diminuir esse risco, limpe sua filha de frente para trás e fique de olho nesses sintomas: dor enquanto faz xixi e urina malcheirosa ou turva.

> Se seu filho tem asma, respire fundo: apesar de os meninos serem os mais atingidos pela doença, eles têm mais facilidade de superá-la na adolescência. A doença é duas vezes mais comum nas mulheres. Uma possível explicação para essa diferença é que os altos níveis de testosterona podem relaxar os músculos das vias respiratórias.

> Meninas têm quatro vezes mais chances de nascer com hemangiomas, manchas vermelhas causadas por um acúmulo de veias anormal. Essas marcas de nascença costumam desaparecer por volta dos 9 anos, mas, se a mancha obstruir a boca, o nariz ou a pálpebra da criança, pode ser tratada com esteroides ou removida a laser. Estudos sugerem uma possível relação entre essas marcas e problemas no coração; então, veja com seu médico se é melhor consultar um especialista vascular.

Desenvolvimento

ENQUANTO AS MENINAS CRESCEM MAIS RÁPIDO E APRENDEM A FALAR MAIS CEDO, OS MENINOS SÃO MAIS PESADOS E DOMINAM MOVIMENTOS MAIS COMPLEXOS.

> Em média, os meninos não atingem 50% de sua altura adulta antes dos 2 anos, enquanto meninas podem atingir essa marca com apenas 20 meses. Meninos também atingem a puberdade aproximadamente dois anos depois das meninas e tendem a continuar crescendo por mais três anos.

> As meninas têm uma vantagem grande na fala, com um uso mais eficiente dos centros de linguagem nos dois hemisférios do cérebro. Aos 18 meses, o vocabulário de uma menina tem cerca de 90 palavras. Os meninos dessa idade, por outro lado, têm apenas 40 palavras no vocabulário. Aos 3 anos, a maioria dos meninos já consegue bater um bom papo.

> Meninos geralmente dominam movimentos mais complexos – como bater uma bola e construir torres de blocos – mais cedo do que a maioria das meninas, provavelmente porque a área do cérebro masculino dedicada à relação visual-espacial é maior.

> Em média, meninas aprendem a ir ao banheiro aos 35 meses, enquanto os meninos aprendem a usar o penico aos 39. Há teorias sobre o porquê (incluindo a de que o banheiro da mãe é o mesmo da filha, e é ela quem ensina mais), mas sem confirmação.

> Meninos pesam em média 3,4 kg ao nascer, enquanto as meninas pesam em média 3,3 kg. Onde eles ganham essa massa corporal? De sua mãe: em média, mulheres grávidas de meninos consomem aproximadamente 10% de calorias a mais do que aquelas que esperam uma menina.

Comportamento

MENINAS PODEM CHORAR MAIS, EMBORA SEJAM SÃO MAIS FÁCEIS DE SEREM ACALMADAS. MENINOS ESTÃO MAIS PROPENSOS A BRINCAR COM MAIOR VIOLÊNCIA. ESTEREÓTIPO? NÃO, É A NATUREZA!

> Meninas sentem dor e desconforto com mais intensidade do que meninos. Então, estão mais propensas a chorar e espernear quando têm frio ou estão com a fralda molhada. Mas nem por isso sua princesinha vai dar trabalho. Ela é mais propensa a se aconchegar e mais fácil de acalmar.

> Meninos nascem com uma maior e mais flexível cóclea (a cavidade em forma de espiral do ouvido interno, que manda impulsos nervosos para o cérebro); por isso, não ouvem tão bem. No entanto, são melhores para determinar a localização de um som. O volume é um problema só na infância, mas a audição nunca se iguala: de acordo com um estudo, homens detectam melhor sons de baixa frequência, e mulheres são um pouco mais propensas a captar sons de alta frequência.

> Meninas tendem a produzir mais oxitocina, o hormônio do vínculo humano, e serotonina, o hormônio da felicidade. Isso ajuda a explicar por que elas estão mais inclinadas a cuidar de bonecas e bichos de pelúcia. Abraçar e alimentar são atividades ligadas a vínculo. Quando meninas brincam disso, ativam o centro de prazer no cérebro.

> Não é só estereótipo, não: meninos exploram as coisas mais fisicamente do que as meninas, golpeiam seus brinquedos, batem, pulam e brincam com violência. Eles têm uma maneira desenfreada de expressar sua energia desde muito pequenos. Por sorte, eles têm mais líquido cefalorraquidiano, o que ajuda a proteger suas cabeças de impactos.

> Meninas têm um estilo mais calmo de brincar do que os meninos. Elas tendem a permanecer próximas dos adultos, fantasiar e brincar em grupos pequenos. Já os meninos estão sempre cercados de amigos e seus jogos são ativos e envolvem corrida e perseguição. “Vemos isso em todas as culturas”, diz Michael Thompson, co-autor de It’s a Boy! Your Son’s Development From Birth to Age 18 (É um menino! o desenvolvimento de seu filho até os 18 anos). Psicólogos evolucionistas relacionam isso aos machos afiando suas habilidades de caça.

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