sábado, 6 de fevereiro de 2010

7 coisas que você tem de saber sobre a birra

Qual a idade da birra? Dá para evitar? Veja resposta para essas e outras dúvidas comuns sobre o assunto



Daniela Toviansky
1. Qual é a idade da birra?
O tipo de birra clássica – aquela que a criança adora fazer no supermercado, batendo o pé, berrando, se jogando no chão e que deixa a gente morrendo de vergonha – acontece com mais frequência entre 2 e 5 anos, mas pode começar a partir dos 6 meses e só terminar aos 8! Muito depende do tipo de criação que a família vai dar e outro tanto da personalidade da criança. Caso seu filho ultrapasse os 6 anos ainda tendo ataques de birra constantes, é melhor procurar a ajuda de um especialista. Pode ser que ele esteja sofrendo com algum problema ou acontecimento recente. Mudança de casa, de escola, a morte de um parente querido ou de animal de estimação, a separação dos pais e até mesmo a falta de diálogo em casa podem atrasar o desenvolvimento da criança. Essa é uma das formas de ele pedir socorro.
2. Por que ela acontece?
Isso acontece porque as crianças ainda não têm maturidade suficiente para lidar com uma determinada frustração e acabam explodindo. Essa explosão vem em forma de choro incontrolável, gritos e aquela movimentação intensa difícil de conter. Na verdade, em algumas situações, as crianças estão testando o limite dos pais para descobrir até onde podem chegar. Outras vezes, a birra é apenas um pedido de ajuda inconsciente para lidar com um sentimento novo que é a frustração.
3. Dá para evitar?
Sim, porque o ataque de birra começa muito antes dos berros e do choro. É uma manha, um pedido que não pode ser realizado, um lugar muito agitado e cheio de gente ou sono, cansaço etc. Quando os primeiros sinais surgirem, é hora de negociar levando em conta a idade da criança. Se você precisa enfrentar um lugar tumultuado, converse com seu filho antes de sair de casa e deixe claro o que não será permitido. Se na hora H, uma situação fugir do controle, e a criança pedir um brinquedo, por exemplo, tente negociar.
Até 2 anos: se vir que o não vai magoar a criança, em qualquer situação, mude de ambiente para distraí-lo e proponha uma brincadeira.
Entre 2 e 5 anos: converse e prepare-o! Diga a ele para escolher para o aniversário ou para a próxima data festiva. Você também pode avisar que aquele brinquedo é muito caro e sugerir um mais barato. Se não puder comprar, é melhor falar a verdade. No caso de ter que levá-lo a um shopping ou mercado, peça a ajuda do seu filho. Pegar um produto na prateleira, segurar uma sacola bem leve, pergunte a opinião sobre uma cor de roupa. Ele precisa se sentir útil para não ficar irritado.
SEMPRE: Não esqueça que tudo deve ser dito na linguagem que a criança entenda. Usar tom “de adulto” é cansativo, difícil e chato. E, claro, sempre conversar com a criança baixando até a altura dela.
4. Como lidar com o ataque?
Infelizmente, não existe uma fórmula infalível. Tudo depende da criança, da idade e da situação. Mas, algumas dicas podem ajudar nesse desafio. Primeiro de tudo, pense se vale a pena entrar nessa batalha com seu filho. Ele realmente está exagerando? Está pedindo algo que já tem, ou está irritado, com sono ou fome, está calor demais? Muitas vezes, eles precisam de um lugar mais tranquilo para dormir ou se alimentar, ou simplesmente estar.
• Se a criança estiver em um lugar perigoso, retire-a de lá imediatamente, não importe a intensidade do berro dele.
• Mantenha a calma. Não esqueça que você serve de modelo para seu filho e quanto mais calmo ficar, mais rápido a situação vai se resolver.
• Não grite. Como é uma explosão dos pais, não há criança que suporte isso!
• Nunca, jamais, bata no seu filho.
• Desvie o foco da criança. Como ela está nervosa, evite conversar muito na hora. Melhor falar menos e agir mais. Até os 5 anos, a criança não consegue manter a concentração nas palavras por mais de 30 segundos.
• Quando perceber que ela se acalmou, dê um abraço bem gostoso para mostrar a ela que está tudo bem!
5. Espaço para a rotina
Criança precisa de rotina, gosta de saber o que vai acontecer, o que pode e não pode fazer. Dá segurança e é transmissão de afeto. Isso vale para as situações mais cotidianas, como tomar banho, jantar e ir para a escola. Para isso acontecer, a família toda precisa se organizar. É como confundir a criança quanto aos valores da família: consegue imaginar como seria caótico um lar em que o certo e o errado se misturam? Para manter as regras é fundamental também facilitar para que elas sejam cumpridas: se você quer que ele sempre se comporte em um lugar público, não vai deixá-lo horas sentado em um restaurante cheio ou esperar que ele fique calminho em uma fila de banco, não?
6. Valorize o não
OK, você já sabe a importância de falar não para que seu filho aprenda a amadurecer e perceba que não terá tudo sempre à mão quando pedir. “Crianças que nunca são contrariadas acabam se tornando adultos irritados, agressivos e até infelizes. Afinal o mundo não dará somente o sim incondicional que os pais sempre disseram”, explica a psicanalista infantil e colunista do site CRESCER Anne Lise Scapaticci. E justamente por seus bons efeitos, a palavrinha não deve ser desperdiçada em situações completamente desnecessárias. Quando usado sem moderação, o não perde força e convida à desobediência.
7. Acerte no castigo
Não adianta punir crianças menores de 2 anos. Elas não têm maturidade suficiente para perceber que fizeram uma coisa errada, muito menos que estão pagando por isso. Mas, por exemplo, se ela joga um brinquedo no chão ou em alguém e você tira o brinquedo, já pode ser um castigo para ela. Quando a criança é maior, vale excluir algo importante para a criança, como o clássico “ficar sem TV”. “Castigos, quando bem aplicados, atendem ao senso de justiça que todas as crianças têm. A falta de punição, pelo contrário, as desorienta. Um olhar quieto e sério para um filho é um tipo de punição particularmente eficaz. O objetivo da punição é incomodar”, afirma o psicanalista Francisco Daudt da Veiga, em seu livro recém-lançado Onde Foi que Eu Acertei (Ed. Casa da Palavra).
Para ser educativo, a criança precisa entender a relação entre o que fez e a consequência. A punição deve acontecer no mesmo momento, pois as crianças têm uma visão imediatista: ainda não aprenderam a pensar a longo prazo. Ou seja, depois de algum tempo, não sabem por que estão sendo castigados, esqueceram da birra e da importância que demos a ela.
E não é muito repetir: não estamos falando de palmada, beliscão ou tapa. Isso tudo está mesmo fora de cogitação.
Fontes: Anne Lise Scapaticci, psicanalista infantil (SP), Silvana Rabello, psicóloga e professora da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Simone Savaya, psicóloga infantil (SP), Dedé Ladeira, coordenadora pedagógica da Escola Santi (SP), Guillermo Ballenato, psicólogo espanhol, José Martins Filho, professor de Pediatria da Unicamp (SP), Ivan Roberto Capelatto, psicólogo e psicoterapeuta (SP), Linda Derviche Blaj, coordenadora de educação infantil do Colégio I. L. Peretz (SP), Teresa Bonumá, psicoterapeuta familiar (SP)

Um comentário:

Paloma Varón disse...

Tenikey, obrigada pela divulgação e por participar desta discussão, que está ótima. Beijos em vc e na Cecília!