Por Paula Desgualdo
Mamadeira e chupeta interferem no aleitamento?
Às vezes. Os bicos artificiais não são indicados, principalmente no primeiro mês de vida. A razão é simples: existe uma grande diferença entre sugar um seio e uma mamadeira. “Alguns bebês podem confundi-los, o que dificulta a amamentação”, explica a enfermeira Andrea Viera, supervisora da maternidade e do berçário da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. Já a chupeta supre a necessidade de sucção da criança e substitui o peito em momentos que ela deveria estar mamando. Ou seja, o número de mamadas diárias talvez acabe diminuindo.
Prótese de silicone prejudica a qualidade do leite?
Não. “Atendemos mulheres que puseram silicone e amamentam normalmente”, diz Andrea Vieira. Como a prótese costuma ser colocada abaixo da glândula mamária ou atrás do músculo peitoral, não há influência direta na produção de leite.
E mamoplastia redutora?
Em alguns casos. Quando há remoção de tecido com glândulas e dutos mamários, a amamentação pode ficar comprometida. Mas é possível superar o problema usando um suplementador – trata-se de uma sonda macia adaptada a uma seringa cheia de leite, que é colocada ao lado do mamilo. O bebê, então, suga ao mesmo tempo o líquido proveniente da seringa e da mama.
Canjica e cerveja preta estimulam a produção do leite?
Mito. A descida do leite depende de três fatores: que a mãe se hidrate bem (por isso é recomendável tomar bastante líquidos), que o corpo dela esteja descansado e, o principal, que o bebê sugue o peito. Até mesmo mães adotivas, que não engravidaram, são capazes de amamentar nessas condições.
O leite materno pode ser congelado?
Sim, tanto para guardar em casa como para doar. Mas, ao extraí-lo, é preciso seguir algumas orientações. “A mãe deve prender os cabelos, lavar bem as mãos e enxugá-las com toalhas limpas”, ensina Danielle Silva, engenheira de alimentos do Banco de Leite do Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. “E o líquido precisa ficar em um frasco de vidro com tampa de plástico”, complementa. Congelado e armazenado dessa forma, o leite tem validade de 15 dias.
Estresse faz o leite secar?
Não, mas pode atrapalhar a sua descida. Isso porque a vazão do líquido depende da liberação do hormônio ocitocina. “Em uma situação de muito cansaço e ansiedade, a produção dessa substância é bloqueada”, afirma a pediatra Keiko Teyura, vice-presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Alguns leites são mais fracos?
Não. “A qualidade é sempre a mesma e todas as mulheres são capazes de produzir leite suficiente e adequado para o seu filho”, garante Keiko Teyura. Mesmo mães desnutridas ou que precisam seguir uma dieta restritiva conseguem preservar as propriedades do alimento.
Seios pequenos produzem menos leite?
Não. “O que dá forma ao seio é o tecido adiposo, a gordura”, diz a enfermeira especialistas em aleitamento materno Catarina Mendonça, do Hospital Samaritano, em São Paulo. Isso não tem nada a ver com a glândula mamária, que é a responsável pela produção do leite.
Existe uma posição ideal para amamentar?
Depende da idade do bebê e de como a mãe se sente mais à vontade. “Mas é apropriado que a criança esteja com a cabeça acima do resto do corpo, para evitar engasgos, e com o corpo reto, para que não fique desconfortável”, orienta Carina.
Se interrompida por um longo período, a amamentação pode ser retomada?
Pode, sim. Basta que a mulher esvazie os seios regularmente, como se a criança estivesse mamando. Assim ela provavelmente continuará produzindo leite.
A alimentação da mãe reflete no leite?
Sem dúvida. Tudo o que ela ingere passa para o leite materno. “Comidas que causam flatulência na mãe também causarão na criança”, exemplifica Carina Mendonça, do Hospital Samaritano. Segundo a especialista, vale a pena apostar em um cardápio variado durante o aleitamento. “Estudos mostram que, se a lactante tem uma dieta variada nesse período, o bebê aceita melhor a diversidade de alimentos quando começa a comer.”
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